quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A morte da natureza


A princípio me indiguinei com a retirada das árvores do pátio da empresa. Seis árvores que eram plantadas em meio ao mar de asfalto onde ficam os carros e caminhões. Pensei em me revoltar e protestar com alguem mas, após uma série de conversas, acabei me conformando afinal, as árvores seriam replantadas em algum outro parque.

Hoje ao retonar do almoço, me revoltei novamente apesar de que, desta vez, nada poderia ser feito. A maior arvore do pátio ja havia sido mutilada e não será replantada em nenhum local pois, "é muito grande e seria necessário contratar um caminhão para remove-la."

Certo, recapitulando, 5 (cinco) árvores foram retiradas do pátio e, em tese, foram replantadas em outro local e, 1 (huma) árvore foi cortada, e não será replantada em lugar nenhum. O pátio da empresa será ainda mais quente e poluente. Bom mesmo é o discurso da empresa sobre outros assuntos relacionados à natureza: "assim, a empresa deixa explícito seu compromisso socioambiental."

Mania de perseguição alucinógena

“Definitivamente, minha vida não é um show de TV sobre mim”

Indaguei para uma moça na lanchonete:

- Será que o banheiro é ali?

Ela respondeu, meio incerta e contrariada, que deveria ser. Deixei meu capacete sobre a mesa, pensei que seria desagradável ir ao banheiro carregando um capacete. Entrei no banheiro e pensei que ela, talvez, fizesse parte de uma conspiração maléfica contra minha pessoa e que logo que eu entrasse no banheiro seus capangas, que me olharam estranho quando eu estava chegando à lanchonete, iriam roubar o capacete que eu havia recém comprado.


Para minha surpresa, quando saí do banheiro o capacete estava lá, intocado. A moça, uma japonesa gordinha que parecia um anime desses de desenho japonês, mexia em seu celular e nem sequer reparou a minha saída do banheiro. Paguei o desobstruidor de esôfago e ao sair da lanchonete, pensei: “A vida, definitivamente, não é um reality show sobre mim.”


Peguei a moto e, antes de chegar na faculdade, quase esbarrei em um fio desencapado caído do poste. Logo então pensei que, se tivesse encostado no fio, teria morrido eletrocutado.

Nunca mais como o lanche alucinógeno da empresa.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sobre a Fala - Não entre em Pânico

"Uma das coisas que Ford Prefect jamais conseguiu entender em relação aos seres humanos era seu hábito de afirmar e repetir continuamente o óbvio mais óbvio, coisas do tipo Está um belo dia, ou Como você é alto, ou Ah, meu Deus, você caiu num poço de dez metros de profundidade, você está bem? .

De início, Ford elaborou uma teoria para explicar esse estranho comportamento. Se os seres humanos não ficarem constantemente utilizando seus lábios - pensou ele -, eles grudam e não abrem mais.

Após pensar e observar por alguns meses, abandonou essa teoria em favor de uma outra: se eles não ficarem constantemente exercitando seus lábios - pensou ele -, seus cerebros começam a funcionar.

Depois de algum tempo, abandonou também essa teoria, por acha-la demasiadamente cínica, e concluiu que, na verdade, gostava muito dos seres humanos. Contudo, sempre ficava muitíssimo preocupado ao constatar como era imenso o número de coisas que eles desconheciam."

Extraído do Livro: Guia do Mochileiro das Galáxias

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ponderando...

Não sei porque eu tô tão feliz
Não há motivo algum pra ter tanta felicidade
Não sei o que que foi que eu fiz
Se eu fui perdendo o senso de realidade
Um sentimento indefinido
Foi me tomando ao cair da tarde
Infelizmente era felicidade
Claro que é muito gostoso
Claro que eu não acredito
Felicidade assim sem mais nem menos é muito esquisito

Não sei porque eu tô tão feliz
Preciso refletir um pouco e sair do barato
Não posso continuar assim feliz
Como se fosse um sentimento inato
Sem ter o menor motivo
Sem uma razão de fato
Ser feliz assim é meio chato
E as coisas nem vão muito bem
Perdi o dinheiro que eu tinha guardado
E pra completar depois disso
Eu fui despedido e estou desempregado
Amor que sempre foi meu forte
Não tenho tido muita sorte
Estou sozinho, sem saída, sem dinheiro e sem comida
E feliz da vida!!!

Não sei porque eu tô tão feliz
Vai ver que é pra esconder no fundo uma infelicidade
Pensei que fosse por aí, fiz todas terapias que tem na cidade
A conclusão veio depressa e sem nenhuma novidade
O meu problema era felicidade
Não fiquei desesperado, não, fui até bem razoável
Felicidade quando é no começo ainda é controlável

Não sei o que foi que eu fiz
Pra merecer estar radiante de felicidade
Mais fácil ver o que não fiz
Fiz muito pouca aqui pra minha idade
Não me dediquei a nada
Tudo eu fiz pela metade, porque então tanta felicidade
E dizem que eu só penso em mim, que sou muito centrado
Que eu sou egoísta
Tem gente que põe meus defeitos em ordem alfabética
E faz uma lista
Por isso não se justifica tanto privilégio de felicidade
Independente dos deslizes dentre todos os felizes
Sou o mais feliz

Não sei porque eu tô tão feliz
E já nem sei se é necessário ter um bom motivo
A busca de uma razão me deu dor de cabeça, acabou comigo
Enfim, eu já tentei de tudo, enfim eu quis ser conseqüente
Mas desisti, vou ser feliz pra sempre
Peço a todos com licença, vamos liberar o pedaço
Felicidade assim desse tamanho
Só com muito espaço!



Composição: Luiz Tatit