quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O ETERNO RETORNO

PT no poder. PSDB brigando por um aumento salarial maior.

Nenhuma novidade no quadro atual...

Sobre essa questão, Luís Fernando Veríssimo trata com bom humor e seriedade nessa excelente crônica  publicada em seu Livro: O MUNDO É BÁRBARO. e o que nós temos a ver com isso. 







O ETERNO RETORNO

Diziam que quem ficasse sentado na frente do café Deux Magots em paris por um tempo indeterminado veria passar todo o mundo à sua frente. Um exagero, claro, parecido com aquele dos mil macacos ao teclado de mil computadores, que no fim de um milhão de anos (estamos falando de macacos longevos) teriam reescrito toda a obra do Shakespeare - e ido comemorar no Deux Magots, presumivelmente. Mas quem escolher um ponto imóvel da política brasileira e esperar cedo ou tarde verá acontecer de tudo à sua volta. Principalmente o Maluf passar várias vezes.

Se há muitos anos alguém lhe dissesse que o Fernando Henrique Cardoso seria o presidente do Brasil, você teria todo o direito de se entusiasmar, ou dizer "Quem nos dera". Seria um sinal de madureza política: uma esquerda com boa cara e sensata, uma opção socialdemocrata com respeitabilidade acadêmica, finalmente a geração da resistencia à ditadura no poder com o que tinha de melhor. Quem poderia imaginar que seu governo seria do PFL?

Se há poucos anos alguém lhe dissesse que o Lula seria o presidente do Brasil você teria todo o direito de se entusiasmar, ou dizer "só acredito vendo". Seria um sinal de que acabava o preconceito político da resistência à ditadura militar e à socialdemocracia comprometida chegava ao poder com o que tinha de mais representativo. Como poderia imaginar que o seu governo seria do PSDB?

Está certo, a reincidência do Maluf é um atestado da inconseqüência reinante no Brasil, onde nada tem história e ninguém tem biografia, ou pelo menos biografia relevante. Maluf é o símbolo dessa constante reabsolvição, dessa licença sempre renovada para a regeneração que salva nossa elite do seu passado e dos seus prontuários e nossos contestadores das suas incoerências.


Luis Fernando Veríssimo